Ruínas de Caburé: Uma vila abandonada no meio de uma praia no Brasil
Atualizado: 11 de fev. de 2022
Se você gosta de lugares abandonados e de parar para imaginar tudo o que pode ter acontecido ali enquanto havia vida, te indico umas das ruínas mais incríveis que já conheci. Não pelas ruínas em si, mas pelas paisagens onde elas se encontram.
Para chegar até as ruínas de Caburé, do ladinho dos Lençóis Maranhenses, a logística parece complicada. Mas é um verdadeiro desperdício conhecer os Lençóis sem passar por elas.
Ouso a dizer que me desagrada a injustiça provocada por alguns turistas em permitirem que as fotografias dessa paisagem sejam furtadas apenas pelas dunas que moram a alguns quilômetros dali. Por isso, já te recomendo de pronto: ser for Maranhão - e principalmente se for ao Lençóis - exija que sua agência inclua as ruínas de caburé no roteiro. (Recomendamos a agência Caetés para passeios na região).
Funciona assim. Para chegar até os Lençóis Maranhenses, é preciso se hospedar em alguma das três cidades bases da região - não caia na conversa de que um simples bate-volta a partir de São Luís é suficiente.
As cidades de Barreirinhas, Santo Amaro e Atins são elas. Sendo que a primeira, Barreirinhas, é por onde a maioria dos turistas começam a chegar e muitos inclusive ficam por lá por ser a maior e melhor estruturada dentre as três opções.
Meu trajeto pela região consistiu em chegar por Barreirinhas, fazer um percurso de lancha até a cidade de Atins, atravessar os lençóis por três dias até a cidade de Santo Amaro e, depois, voltar pra São Luís.
Ainda que você não realize essa travessia de três dias pelo deserto, é perfeitamente possível realizar esse passeio de lancha. É ele que vai te levar até as ruínas.
1ª Etapa - Restaurante da Dona Graça
Saímos de Barrerinhas pelo rio Preguiças logo pela manhã. Águas que, inclusive, levam esse nome justamente pela quantidade de curvas que contornam a vegetação. A viagem já começa a valer ali mesmo, só de sentir o vento e os respingos de água batendo no rosto enquanto percorremos o rio.
A primeira parada é já para o almoço, no restaurante da Dona Graça que fica no povoado de Vassouras. Trata-se de uma prainha pequena, com a vegetação esverdeada do outro lado do rio. Ao nosso lado, uma duna já começa a nos dar o gostinho de estar perto do deserto brasileiro.
Almoçamos um bom peixe, que acompanhou arroz, feijão, salada, farofa. Como não estávamos com muita fome pedimos a porção somente para uma pessoa e veja na imagem abaixo o tamanho da refeição. Foi suficiente para duas.
Seguimos viagem em direção a Mandacaru.
2ª etapa - Farol de Mandacaru
No povoado de Mandacaru, a principal atração ali é o Farol Preguiças, recém reformado. Lá do alto (para quem estiver disposto a subir 160 degraus), já é possível avistar Caburé, a Foz do rio Preguiças e, mais adiante, o famoso povoado de Atins, de onde saem os países mais raízes - por assim dizer - até os Lençóis.
Apesar de essa parada ser bem curtinha, fique à vontade para fazer fotos do farol (seja debaixo ou de cima), ou ainda comprar artesanato em algumas das lojinhas de moradores do local.
3ª etapa - Caburé e os Guarás
A poucos minutos de barco de Mandacaru, finalmente as Ruínas de Caburé.
Confesso que quando chegamos, pensei ser só mais uma parada em mais uma praia, nada de muito novo. Bastou caminhar alguns metros para entender que se tratava de um lugar único.
Caminhamos pela faixa de areia que, em outros tempo, já foi longa. Hoje, em um minuto e meio eu - que caminho de muletas - consegui atravessar a faixa de areia que separa o rio do mar. Antes, eram necessários ao menos 30 minutos de caminhada.
Foi justamente o avanço do mar que resultou nessa paisagem. Aqui funcionava uma pousada no bom estilo rústico com uma pitada de luxo, graças ao que antes parecia uma vantagem, seu distanciamento de tudo. Haviam quartos de todos os tipos, e ainda conseguimos ver algumas camas e beliches em alguns cômodos.
As casas já estão começando a perder os telhados. Há inclusive que se ter cuidado ao caminhar por ali. A natureza exerce sua foça sem qualquer pesar e a areia já cobre algumas madeiras e tijolos que ficaram caídos no chão.
Ali, só não é silencioso porque a força do mar não deixa e as ondas e o forte vento tomam conta dos ouvidos. Vento inclusive, é uma força que não passa despercebida ali. Às vezes chega a ser difícil de se equilibrar com suas rajadas. As turbinas de energia eólica não estão próxima dali por mero acaso.
Passei bons minutos tentando imaginar tudo o que esse lugar já foi um dia. Uma sensação que te enche de beleza, nostalgia, imaginação.
Dependendo do itinerário que você escolher, é possível almoçar em algumas cabanas que restaram com estrutura mínima em Caburé, mas sinceramente, ver o pôr do sol dali, não teve preço. Deixarei as imagens abaixo dizerem mais por mim:
Ao fim do trajeto, já com as águas do rio subindo, fomos conferir mais um evento agendado pela natureza. Pontualmente ao pôr do sol, os pássaros Guarás fazem a revoada para descansarem.
Esses pássaros são considerados por muitos uma das mais belas aves brasileiras justamente por conta de sua plumagem vermelha. Mas não pense que eles já nascem assim.
Os guarás, na verdade, nascem com penas pretas, mas por comerem pequenos caranguejos, acabam ingerindo uma substância chamada cantaxantina, a quem devemos agradecer por tornar as penas desses pássaros neste vermelho vivo, que enche nossos olhos.
As imagens abaixo foram feitas pelo guia Marquinhos, da Caetés Expedições, que me acompanhou durante todo o trajeto, enquanto explicava e me mostrava cada cantinho dele lugar.
Contato da Caetés Expedições:
Telefone: (98) 98514-8072
Instagram: @caetes.expedicoes
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