Projeto 'Salvador Pra Cego Ver' cria acessibilidade na capital baiana
O projeto ‘Salvador Pra Cego Ver’ permite que pessoas cegas e de baixa visão consigam vivenciar as belezas turísticas, culturais e gastronômicas da capital baiana.
Utilizando o recurso de audiodescrição de imagens e vídeos que ilustram a cultura e o patrimônio de Salvador, o projeto busca reapresentar a cidade de forma acessível para pessoas com deficiência visual. Transformando imagens em palavras, essa grande parcela de pessoas poderá vivenciar — algumas pela primeira vez — situações cotidianas como apreciar um pôr-do-sol no Farol da Barra ou contemplar a arquitetura icônica do Pelourinho.
“Nossa intenção não é que a pessoa cega e com baixa visão apenas conheça Salvador pelas nossas audiodescrições, mas sim que elas despertem para as belezas da cidade e se interessem por interagir melhor com esses espaços”, afirma Patrícia Braille, especialista em educação e uma das fundadoras do projeto.
“Muitas vezes passamos por lugares belíssimos, pontos turísticos conhecidos, mas não conseguimos acessar bem porque não temos referências dessa imagem. A audiodescrição é uma ferramenta imprescindível para nos ajudar a criar uma imagem mental desses ambientes e nos sentirmos parte desse mundo tão visual em que vivemos”, complementa Silvânia Macedo, historiadora, consultora do projeto e cega há 27 anos.
A audiodescrição consiste em transformar imagens em palavras, obedecendo a critérios de acessibilidade, respeitando as características do público a que se destina. Ela é produzida, principalmente, para pessoas cegas, mas tem beneficiado outros públicos como os que têm dislexia, deficiência intelectual ou déficit de atenção.
Para fazer o tour virtual por Salvador, as pessoas com deficiência visual utilizarão suas redes sociais com auxílio de programas leitores de tela, que conseguem transformar em voz o conteúdo publicado nas redes sociais do projeto, como o Instagram, o Facebook, o Twitter e o site do Salvador Pra Cego Ver.
O endereço virtual é desenvolvido e revisado por um casal de programadores cegos. Lá é possível acessar os endereços das redes sociais do projeto.
As opções de pontos turísticos da cidade fizeram com que Patrícia tenha a ‘dificuldade gostosa’, como ela diz, de escolher seu local preferido. Apesar da dúvida, ela afirma que os pontos localizados na Cidade Baixa são alguns dos que mais irão chamar a atenção. “Temos o Farol da Barra, a Fundação Casa de Jorge Amado... Mas acho que a Cidade Baixa e o subúrbio vão surpreender. Lugares como as praias, a linha do trem, o espaço de Irmã Dulce... Tenho certeza de que, quando a pandemia passar, as pessoas vão querer visitá-los presencialmente”, acredita.
Além da acessibilidade para pessoas cegas, todo o conteúdo audiovisual também conta com tradução em Libras, sendo viável para pessoas com deficiência auditiva.
Fonte: Correio 24horas
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